Evangélicos e travestis acompanharam votação na Câmara
Aliança Evangélica e travestis de Campo Grande dividiram espaço neste dia 16 de Dezembro de 2008 no plenário da Câmara Municipal, em lados opostos em relação ao projeto que concede título de utilidade pública para a ATMS (Associação das Travestis de Mato Grosso do Sul).
A entidade levou para a sessão uma faixa enorme, com fotos de profissionais do sexo assassinados na Capital, uma estratégia para mostrar o quanto uma associação com a ATMS é necessária para coibir crimes contra homossexuais. Hoje, a Associação tem 160 integrantes na Capital e cerca de 500 no Estado, garante.
“Desde que a Associação foi criada, a violência diminuiu. Mas ainda precisamos do título para ficar mais fácil conseguir verbas públicas e investir em ações para a classe”, argumenta a travesti que se identificou apenas como Raquel.
Já os evangélicos foram uniformizados, com camisetas com o número do projeto 6353/2007, de autoria de Athayde Nery (PPS), e o símbolo de proibido. “Estamos aqui porque essa proposta não atende ao bem público, por isso somos contra”, justifica o pastor da 1ª Igreja Batista, Ronaldo Leite.
Questionado sobre quantas sessões neste ano acompanhou na Câmara sobre concessão desse tipo de título, o pastor admitiu que nenhuma e acabou assumindo que o motivo real da manifestação é a posição contrária ao homossexualismo. “Nós defendemos a Bíblia e ela condena o homossexualismo. Um título como esse acaba divulgando esse tipo de comportamento”, alega.
Em 2006 a proposta foi rejeitada pela primeira vez. Os votos contrários à concessão partiram principalmente de vereadores apoiados por igrejas radicalmente contra as manifestações de homossexuais.
Briga
Prática corriqueira no parlamento, a concessão de título de utilidade é um passo necessário para que as entidades possam pleitear verbas públicas.
O projeto chegou a receber parecer contrário da procuradoria jurídica da Câmara, que considerou a proposta uma “anomalia jurídica” por supostamente não tratar de uma entidade de caráter assistencial.
Mas Athayde argumentou que a associação é responsável por cursos, convênios e campanhas de prevenção à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Mas hoje, a proposta já passou pelas comissões temáticas da Câmara e depende apenas da aprovação em plenário. A Câmara está dividida com relação ao projeto. Pastor Sérgio (PMDB), Magali Picarelli (PMDB), Alex do PT e Thaís Helena (PT) devem votar contra a proposta. Edmar Neto (PMDB), Airton Saraiva (DEM), Marcelo Bluma (PV), Paulo Pedra (PMDB), Maria Emília Sulzer (PMDB), Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Clemêncio Ribeiro (PMDB) tendem a ser favoráveis.
Fonte: Campo Grande News
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