Conflito segue em Gaza, apesar de pedido de trégua da ONU
Ataques entram no 14º dia e mortos passam de 750.
O conflito em Gaza entrou no 14º dia nesta sexta-feira (9). Na noite de ontem, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que pede cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, a retirada das tropas israelenses e a entrada sem impedimentos de ajuda humanitária no território palestino.
O documento defende ainda uma paz baseada na visão de uma região onde dois estados democráticos, Israel e Palestina, convivam em paz, com fronteiras seguras e reconhecidas.
O Hamas rejeitou a resolução do Conselho de Segurança, afirmou nesta sexta-feira, no Líbano, Raafat Morra, dirigente do movimento islamita. "Esta resolução não leva em conta as aspirações nem os principais objetivos do povo palestino", insistiu.
Entenda o Confronto
"Apesar de sermos os principais atores na Faixa de Gaza, ninguém nos consultou sobre esta resolução e não levaram em consideração nossa visão, nem os interesses de nosso povo", afirmou à agência de notícias France Presse Ayman Taha, alto dirigente do Hamas.
"Em consequência, consideramos que a resolução não nos diz respeito e, quando as partes pretenderem aplicá-la, deverão tratar com os que são responsáveis pela região", acrescentou, em uma referência ao Hamas.
Desde o início da ofensiva israelense em 27 dezembro, 763 pessoas morreram do lado palestino e 12 em Israel. Os feridos ultrapassam 3.100. Nesta sexta, seis palestinos, a maioria da mesma família, morreram em ataques aéreos israelenses contra o norte da Faixa de Gaza, informaram fontes médicas. A maioria das vítimas dos ataques, contra Beit Lahiya e Jabaliya, integrava a família Salha, destacaram as mesmas fontes à agência de notícias France Presse.
O exército israelense informou que bombardeou 50 alvos em Gaza. Também relatou explosões de foguetes vindos de Gaza nas cidades de Ashdod e Beersheba (a cerca de 40 km da Faixa de Gaza), no sul de Israel. Uma pessoa ficou ferida.
O Exército de Israel registrou seis lançamentos de foguetes do tipo Grad procedentes de Gaza, que caíram no sul do país, em Ashdod e Beersheba (a 40 km da Faixa de Gaza), ferindo uma pessoa.
A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou nesta quinta-feira (8) que suspenderá todas as suas operações na Faixa de Gaza por conta do "risco" causado pela presença de tropas no território palestino sob ataque.
Um ataque de um tanque israelense nesta quinta matou dois motoristas palestinos de um comboio de ajuda humanitário coordenado pela agência, segundo o porta-voz da entidade em Gaza, Adnan Abu Hasna. Ele não disse quanto tempo a suspensão vai durar.
O Exército de Israel disse que está investigando o caso. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou os ataques, segundo seu porta-voz.
O Hamas criticou a decisão da Agência da ONU. "A decisão da UNRWA de suspender as atividades não é lógica e é indesculpável. O dever da agência é proteger as vítimas da guerra, e não abandoná-las", afirmou o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum.
A Faixa de Gaza teve ontem, pelo segundo dia consecutivo, um cessar-fogo de três horas para que a população civil possa obter mantimentos. A trégua ocorreu novamente entre 13h e 16h (9h e 12h de Brasília), disse Peter Lerner, porta-voz do Exército israelense para a coordenação com os territórios palestinos, que disse que a medida tem por objetivo "permitir que a população se abasteça de artigos essenciais".
A ONU denunciou nesta sexta-feira que o Exército de Israel bombardeou no início da semana uma casa em Gaza com 110 civis dentro e 30 deles morreram.
"Segundo várias testemunhas, em 4 de janeiro os soldados evacuaram 110 palestinos, metade deles crianças, para uma casa de Zeitun e ordenaram que permanecessem dentro", afirma um comunicado do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
"Vinte e quatro horas mais tarde, as forças israelenses bombardearam várias vezes esta casa, matando 30 pessoas", acrescenta a nota.
A polícia israelense está amplamente mobilizada na zona leste de Jerusalém, depois que o Hamas convocou um novo "dia da ira" para esta sexta-feira contra a operação militar de Israel em Gaza.
"Mobilizamos milhares de homens para manter a calma no leste de Jerusalém", declarou o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld.
Fonte: G1
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